Sou
megaultrahiper a favor do estudo Teológico. Já fiz dois seminários e defendo com
unhas e dentes o estudo da Teologia.
Mas estou preocupadíssimo. Tenho visto
instituições de ensino e certos professores falarem cada absurdo que minha
vontade é começar a concordar com os irmãos que dizem que basta ter Jesus no
coração e cantar umas músicas num festival gospel que tá tudo certo.
Pois a
verdade é que há muitas instituições ditas evangélicas de ensino teológico cujos
desensinos têm me arrepiado todo. Por mais que seja uma contradição em
termos, parecem teologias do inferno.
A
última foi um professor de pós-graduação de uma universidade Metodista de São
Paulo que tem quase 9 mil seguidores no twitter e que soltou a seguinte pérola
na rede social: "Eu não falei nada em ganhar almas, eu nem acredito que há
almas imortais". Depois de alguns segundos de catatonia, fiquei pensando
nas pobres criaturas que têm aulas com esse cavalheiro. Que matriculam-se numa
universidade, pagam mensalidades, gastam horas em salas de aula... para
desaprender a Bíblia. Minutos depois, mandou-me outro tweet: "biblia fala na
ressureição da pessoa por parte d Deus, alma imortal é conceito grego e ñ
necessita de ressurreição".
Ou
seja, o que esse teólogo disse (se não é isso, por favor, que me corrijam) é que
a alma morre e depois ressuscita com o corpo (pessoa = parte corpórea + parte
espiritual). Bem, aí eu fiz o que todos deveriam fazer ao ler coisas estranhas
assim: fui checar na Bíblia. E não é que descobri que em Mateus 10.28 Jesus diz
que a alma não pode ser morta?!
"Não tenham medo dos que matam o corpo, mas
não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a
alma como o corpo no inferno".
Pois é, biblicamente apenas as almas que vão
para o inferno podem ser destruidas. As demais não - e, portanto, permanecem
existindo em sua imortalidade. Ou Jesus estava equivocado?
Ou
Mateus 16.26: "Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder
a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?".
Como se
perderia uma alma se ela não fosse imortal? Ah, já sei, é conceito grego...
Ou
Ap 6.9: "Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas
daqueles que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que
deram".
Peraí. no Céu João viu almas cujos corpos morreram mas elas
continuavam vivas? Então temos: "eu nem acredito que há almas imortais"
versus "vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos".
Hmmm... começo a sentir cheiro de ensinos teológicos errados no ar. E
teologias erradas não vêm de Deus. E se não vêm de Deus... vêm de quem então?
Talvez de 1 Timóteo 4.1, "O Espírito diz claramente que nos últimos tempos
alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de
demônios".
Foi quando
lembrei-me que esse mesmo senhor, meses atrás, por ocasião do tsunami no Japão,
apoiou as opiniões de um certo pastor (autointitulado "o herege da vez") que
disse que "Um deus q tem propósito pra tudo, inclusive pra o mal, é réu
confesso! E a pena deveria ser a morte!". Ao que esse professor que não crê
em almas imortais afirmou no twitter: "Quem se pergunta c/ Deus pode
permitir terremoto-tsunami ñ entendeu q Deus,por ser Amor, abdicou d controle
sobre o mundo".
Calma.
Para tudo. Vou repetir o que ele escreveu, atenção por favor: "...Deus, por
ser Amor, abdicou d controle sobre o mundo". Isso dito por um professor de
uma universidade metodista e que tem quase 9 mil seguidores no twitter. Imagina
quantos corações e mentes ele não influencia com esses pensamentos. Que vêm de
onde mesmo? Uma teologia como essa, que tira de Deus o controle do mundo é um
beijo de Judas: tem aparência de amor mas por trás só traz destruição.
Eu confesso: diante
dessa última resposta não aguentei e lhe pedi uma explicação mais a fundo (sei
lá, vai que entendi errado, que peguei a frase fora de contexto ou que a
validade de meus óculos venceu). E não é que ele meteu os gregos de novo na
história? Defendeu a mesma ideia de que o Deus da Bíblia controlar as forças da
natureza é uma herança pagã dos gregos, que o Deus da Bíblia é relacional e não
interfere nas forças da natureza. Agostinho cristianizou Platão e Tomás de
Aquino, Aristóteles e por isso agora os teólogos pós-modernos do século 21
helenizaram 2 mil anos de teologia cristã. Jesus...
Aí
eu me lembrei do Dilúvio, da abertura do Mar Vermelho, da abertura do Rio
Jordão para os israelitas entrarem em Canaã, do "sol que parou", das pragas do
Egito, de Cristo acalmando a tempestade, do terremoto no momento da morte de
Jesus e outras forças da natureza sobre as quais a Bíblia - e não os gregos - é
clara sobre terem sido provocadas pelo controle de Deus sobre o mundo, suspirei
e simplesmente ignorei os devaneios desse senhor. Dei unfollow nele e toquei a
vida sem que suas frasezinhas bonitinhas pontuadas por absurdos teológicos
incomodassem minha vista. Mas agora ele volta à minha vida ao afirmar que não há
almas imortais. Então tá.
Peraí.
"Então tá" coisa nenhuma. A coisa é séria. Pois são senhores como esse que
assumem a direção de cursos de Teologia e ensinam multidões de pobres almas
imortais que elas não são almas imortais!
Isso
me faz lembrar de um amigo que depois de 6 anos na igreja matriculou-se num
seminário dominado pelo Liberalismo
Teológico e ouviu tanta bobagem antibíblica que apostatou da fé. Hoje segue
a religião de um guru chamado Osho (que assim como esse professor, tem umas
frases lindíssimas e que fisgam milhares de simpatizantes nas redes sociais, mas
que prega pesado contra o Cristianismo). Então não posso simplesmente falar
"então tá", pois, com todo respeito à opinião do nobre colega, levar pessoas a
crer em heresias pode levar almas imortais a irem para o inferno.
Quer
dizer, isso se esse senhor acreditar em inferno, talvez ele creia que seja
apenas "uma metáfora", como afirmam os teólogos liberais. Ou uma invenção dos
gregos. Em dias maus como os nossos, se até pastores emergentes estão tirando
Gandhi do inferno... tudo é possível.
Um
Jesus caótico e descontrolado
Segundo artigo
intitulado A soberania de Deus e a contingência do mundo, do blog de um
pastor chamado Ed René Kivitz, o referido professor é mencionado como tendo dito
que "o Deus da Bíblia não é o Deus da ordem e do controle, pois o amor
instala, ou, no mínimo, abre espaço e a possibilidade do caos". Se você leu
rápido demais, deixe-me repetir: "o Deus da Bíblia não é o Deus da ordem e
do controle". Fico me perguntando de que Bíblia ele está falando. Será a
mesma Bíblia que afirma que Deus fez certos preparativos "desde antes da
fundação do mundo"? Como, p.ex., em Ef 1.4: "Como também nos elegeu nele
antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em
amor". Suponho eu que organizar e preparar ocorrências antes da fundação do
mundo para acontecerem dali a milênios exija um pouco de ordem e controle, não?
Ou é possível planejar algo com tanta antecedência cruzando os dedos para que o
caos faça as coisas acontecerem como se desejou?
Vai
ver que Deus criou o mundo cantando "o acaso vai me proteger enquanto eu andar
distraído...".
Mas essa praga
de pensamentos apócrifos que contradizem dois mil anos de Cristianismo como se
fossem uma grande descoberta teológica revelada a essas poucas mentes
privilegiadas não é exclusividade desse cavalheiro, a quem um grupo de irmãos
sérios na teologia que conheço apelidou carinhosamente de "Senhor Miyagi" (não
só por sua aparência oriental, mas por ficar se preocupando em inventar
teologias bizarras tão úteis ao Reino de Deus como catar moscas no ar, um hábito
desse personagem do filme Karatê Kid). No seminário teológico
Presbiteriano onde meu sogro estudou antes de ser ordenado Pastor, as heresias
do Liberalismo Teológico comiam soltas. Schleiermacher, Ritschl, Troeschl e
Bultmann reinavam absolutos. Graças a Deus (e põe Deus nisso), a direção do
seminário mudou e um ortodoxo assumiu, demitindo os professores que ensinavam o
falso cristianismo do Deus que não faz milagres e voltando às bases da fé. Que
alívio e que sorte para os futuros alunos. Oro para que os alunos da
universidade metodista paulistana onde esse cavalheiro das almas mortais e do
Deus sem controle leciona venham a ter a mesma sorte.
Eu
mesmo ministrei por nove anos em um seminário teológico onde os alunos me
relatavam ensinos de outros professores, como um querido que ensinava que almas
penadas caminham entre nós após a morte - e outras sandices do gênero.
Considerações
finais
Enfim...volto
a dizer: sou a favor do estudo teológico. O considero imprescindível. Recomendo
enfaticamente a quem não cursou um seminário que o faça, para aprender as
verdades bíblicas e não ficar achando, por exemplo, que um programa de música
"gospel" na televisão secular é um grande avanço do Evangelho. Mas meu irmão,
minha irmã, aqui vai o ponto-chave do que eu quero dizer com todo este post:
informe-se muito bem sobre o lugar onde você pretende estudar.
Não matricule-se apenas. O que você aprenderá ali vai mexer a tal ponto com sua
mente que você poderá crescer enormemente no conhecimento de Cristo ou poderá se
tornar um herege ou mesmo um apóstata.
Ser
cristão sem compreender e saber explicar as razões da nossa fé é manter-se na
tensão superficial do oceano do Espírito. Faço minhas as palavras de Anselmo de
Cantuária, teólogo e filósofo cristão do século XII, que disse que Teologia é
“fides quaerens intellectum” – fé em busca de entendimento. Mas é fundamental
que seja um entendimento baseado na Verdade que Pedro afirmou em 2 Pe 1.15,16:
"Eu me empenharei para que, também depois da minha partida, vocês sejam
sempre capazes de lembrar-se destas coisas. De fato, não seguimos fábulas
engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; ao contrário, nós fomos testemunhas oculares
da sua majestade".
Portanto, querido
irmão, querida irmã, fuja das fábulas engenhosamente inventadas por aqueles que
querem garantir seu lugar na História inventando uma nova teologia (falar o que
todo mundo já fala não dá muito ibope, afinal, não é?).
Fuja da Teologia
Relacional.
Fuja do Teísmo Aberto.
Fuja do Universalismo.
Fuja da
Teologia Liberal.
Fuja da Ética Transacional Ascendente.
Fuja da Teologia
da Prosperidade.
Fuja da Confissão Positiva.
Fuja de tudo aquilo que
contraria 2 mil anos de conhecimento e traz novas invenções doutrinárias que
servem tão somente para dar notoriedade aos seus proponentes mas que não fazem
absolutamente nada pela causa do Evangelho. Porque entre me associar a uma
dessas heresias ou ficar tocando pandeirinho e cantando "Desce fogo, desce
poder, quem estiver ligado vai receber..." eu fico com a segunda opção.
Causa menos dano espiritual. E os pandeiros, tenho certeza, não foram inventados
pelos gregos.
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