O Avesso da Doutrina Histórica da Igreja
Estou me referindo a essa nova teologia que apareceu recentemente por aí, denominada de Teologia Relacional, para deixar registrado aqui o meu comentário.
A Teologia Relacional se propõe a rever os conceitos da igreja histórica sobre Deus, por julgá-los inadequados e ultrapassados, e tem por objetivo apresentar uma nova visão de Deus, e da sua maneira de se relacionar com a criação. Rejeita alguns dos atributos de Deus, tais como:- onisciência, onipotência, imutabilidade, e, inclusive a soberania de Deus!
Destaco aqui cinco pontos dessa teologia, que são o avesso da doutrina histórica da Igreja, a saber:-
1. Deus não é soberano: Deus abriu mão da sua soberania. Ele é incapaz de realizar tudo o que deseja, como impedir tragédias e erradicar o mal. O homem tem capacidade e liberdade para cooperar ou contrariar os desígnios de Deus. Deus se adequa às decisões humanas e, ao final, vai obter seus objetivos eternos, redesenhando a história de acordo com as decisões humanas.
2. Deus ignora o futuro: Deus é temporal. Ele ele se insere no tempo. O futuro inexiste. Deus não sabe antecipadamente as decisões as pessoas haverão de tomar. Os seres humanos são absolutamente livres para tomarem as suas decisões. O futuro é determinado pela combinação do que Deus e as suas criaturas decidem fazer.
3. Deus se arrisca: Ao criar seres racionais livres, Deus se expôs a riscos... Por respeitar a liberdade concedida ao homem, Deus se arrisca diariamente. Deus não sabia qual seria a decisão dos Anjos, no céu, e nem a de Adão e Eva, no Éden.
4. Deus não é onipotente. Ele pode sofrer e cometer erros em seus conselhos e orientações. Seus planos podem ser frustrados. Ele se frustra e expressa esta frustração quando os seres humanos não fazem o que ele gostaria.
5. Deus é mutável. Ele é imutável apenas em sua essência. Deus pode se arrepender de decisões tomadas, como reação às decisões das suas criaturas. Deus é mutável e aprende com o passar do tempo histórico.
Essa doutrina é espúria, apócrifa e muito estranha! Questiona, rejeita, e vem de encontro aos seguintes princípios inalienáveis da fé cristã, da teologia reformada, da doutrina histórica da Igreja:-
1) Quem é Deus na Teologia Relacional?
R = No conjunto da doutrina da teologia relacional vislumbra-se o retrato de um deus frágil, vulnerável, impotente, subserviente e refém do homem, alienado (alheio a qualquer conhecimento futuro), temporal, frustrável e mutável.
O que a Bíblia diz - doutrina histórica da igreja:-
“Sola Scriptura” (= “Através da Escritura somente”) - Na teologia reformada e na doutrina histórica da Igreja se crê na suficiência das Escrituras Sagradas. A Bíblia é a Palavra de Deus, e contém toda a revelação de Deus para o homem, não havendo necessidade de se buscar nenhum conhecimento do Deus da Bíblia, fóra da Bíblia. A Bíblia interpreta a própria Bíblia. A Bíblia é a única regra de fé e prática para o cristão.
“Sola Scriptura” – foi um dos pilares da Reforma protestante do século XVI, desencadeada pelo reformador Martinho Lutero, e, ainda hoje, continua sendo um dos princípios definitivos do cristianismo, e da teologia reformada.
3) O pensamento da Teologia Relacional sobre o futuro e o Livre Arbítrio:
“Tu, ó SENHOR Deus, és tudo o que tenho. O meu futuro está nas tuas mãos; tu diriges a minha vida.” - Salmos 16:5
“Antes de formares os montes e de começares a criar a terra e o Universo, tu és Deus eternamente, no passado, no presente e no futuro.” - Salmos 90:2
“O SENHOR diz a vocês: “Há muito tempo, eu falei de coisas do futuro, disse claramente o que ia acontecer. De repente, agi, e tudo aconteceu como eu tinha dito.” - Isaías 48:3
“Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre.” – Hebreus 13:8
b) o pensamento da teologia relacional sobre o Livre Arbítrio – os seres humanos são absolutamente livres para tomarem as suas decisões. Deus respeita a liberdade concedida ao homem.
O que a Bíblia diz - doutrina histórica da Igreja:-
Que o homem não é absolutamente livre está claro no texto bíblico de Romanos 7:14-25:
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado.”
"Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, ele o liberta da sua natural escravidão ao pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a liberdade o que é espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção, ainda nele existente, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau. Ref. Col.1: 13; João 8:34, 36; Fil. 2:13; Rom. 6:18, 22; Gal.5:17; Rom. 7:15, 21-23; I João 1:8, 10. - Transcrição do tópico IV, Capítulo IX da Confissão de Fé de Westminster.
4. O pensamento da teologia relacional sobre a “mutabilidade” de Deus – Deus é mutável e pode se arrepender de decisões tomadas, como reação às decisões das suas criaturas. Deus aprende com o passar do tempo histórico.
O que a Bíblia diz - doutrina histórica da Igreja:-
“Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.” – Tiago 1:17
“Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre.” – Hebreus 13:8
Quando a Bíblia fala em arrependimento de Deus ( Gn6.6-7; Ex 32.14; Jz 2.18; 1 Sm 15.11) trata-se de antropopatismo (= forma metafórica de atribuir a DEUS sentimentos humanos para facilitar ao homem a compreenção de Deus). Na realidade, Deus abranda ou muda sua maneira de lidar com os homens de acordo com os seus soberanos e eternos propósitos.
Numa igreja adepta da Teologia Relacional, hinos tradicionais como o "TÚ ÉS FIEL, SENHOR", jamais poderão ser entoados, a não ser que as suas letras sejam modificadas... Diz o hino...
TÚ ÉS FIEL, SENHOR, Ó PAI CELESTE,
TEUS FILHOS SABEM QUE NÃO FALHARÁS,
NUNCA MUDASTE, TU NUNCA FALTASTE
TAL COMO ERA TÚ SEMPRE SERÁS
- Hino Num. 32 do Hinário Presbiteriano Novo Cântico.
Deus não se retirou de cena; não está omisso, e nem tampouco deixou de conhecer o futuro, como pensam os adeptos da Teologia Relacional. Deus continua sendo um Deus de amor, bondade, misericórdia, onisciente, onipotente, imutável, logânimo e compassivo. Deus continua sendo um Deus Todo-Poderoso, e está pronto a intervir na natureza na hora que Lhe aprouver, para impedir ou fazer cessar quaisquer calamidades, sejam elas de ordem natural, ou decorrentes do pecado do homem. Em II Crônicas 7:14, além do perdão oferecido pelo Senhor, Deus promete também sarar a terra ferida ( ou seja, fazer cessar as calamidades! ): “Se eu cerrar os céus de modo que não haja chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra, ou se enviar a peste entre o meu povo; se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra. Estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração que se fizer neste lugar”. A condição estabelecida é que o homem se arrependa do seu pecado, se converta dos seus maus caminhos, e retorne para Deus!
Louvado seja Deus, que não permitirá que as ovelhas do seu aprisco venham a ser apanhadas e levadas por essas doutrinas estranhas. O Senhor Jesus Cristo afirmou em João 10:5: “...mas de modo nenhum seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”. Contudo, nós precisamos ter mais zelo e rigor doutrinário...
Em muitos cultos, hoje em dia, gasta-se muito mais tempo com o louvor, do que com a Palavra! Os eventos musicais superlotam, enquanto que uma minoria participa dos estudos bíblicos semanais e da Escola Dominical. É tempo de se orar, desejar e buscar um avivamento da Palavra, que venha para restaurar a primazia da Palavra nas liturgias dos nossos cultos, para fortalecer a Igreja contra esses ventos de doutrinas contrárias, e para que os discípulos gerados sejam transformados em cristãos que possam se apresentar diante de Deus aprovados, como obreiros que não tenham de que se envergonhar, que manejem bem a palavra da verdade. ( II Tm 2:15 ).
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