Assim como vocês, eu também...
A mídia internacional, com suas agências de notícias, não cansam de publicar nas últimas semanas relatos sobre costumes no mínimo estranhos para com as mulheres em países islâmicos. O último caso foi sobre a pena de morte por apedrejamento, que há mais de duas décadas não é aplicada no Irã.
Não que as mulheres dos países islâmicos não sejam submetidas a leis muito diferentes dos costumes ocidentais, mas isso não é exclusividade destes países, e tais relatos extremados muito menos representam o cotidiano destas mulheres. O que a mídia não conta é sobre a crecente discriminação que são submetidas as mulheres na cidade de Jerusalém, onde a população israelita é composta de 20% de judeus ortodoxos: ao entrar num ônibus, elas devem sentar-se na parte de trás.
Abaixo segue artigo publicado no blog asr:
Separação por sexo no transporte público
O que vocês diriam, se nos países europeus os ônibus e metrôs os passageiros fossem obrigados a se sentar segundo o sexo de cada um? Ou seja, as mulheres deveriam se sentar na parte traseira e os homens na dianteira. Se uma mulher tomar um lugar lá na frente, ele é tocada imediatamente para trás. Vocês iriam dizer que isso é impossível, tal discriminação é totalmente inaceitável e representaria uma violação dos direitos humanos? Sim, claro que vocês iriam dizer isso.
E tal coisa existe na prática. Onde? Num país muçulmano seria a primeira resposta. Sim, talvez na Turquia ou seja onde for, onde as mulheres sejam supostamente discriminadas. Mas com certeza não em uma democracia ocidental. Então prestem atenção a essa separação por sexo na supostamente única democracia do Oriente Médio, sim, em Israel, pois por lá cada vez mais mulheres devem procurar um lugar na parte traseira do ônibus para se acomodar e existe uma clara separação por sexo.
Este cartaz mostra que o ônibus é separado segundo homens e mulheres:
E aqui vai um caso: sexta-feira, 5 de janeiro de 2010, uma mulher de 60 anos toma um ônibus em Ashod e senta-se na frente. Um judeu ortodoxo de 18 anos vê a cena e exige que a mulher se desloque para trás. Ela se recusa e inicia-se uma ríspida discussão. Após ela ter sido ofendida diversas vezes, ela diz ao rapaz: “cale a boca” e acrescenta “o que lhe interessa onde eu vou sentar?”
Após o rapaz continuar a ofender e ameaçá-la, ela pegou o spray de pimenta de sua bolsa e pulverizou a face do agressor. O motorista do ônibus parou e abriu as portas para acelerar a ventilação. O rapaz chamou a polícia pelo celular e a mulher foi presa, acusada de ataque corporal.
Isso acontece constantemente em Israel, especialmente nas áreas onde os judeus ortodoxos predominam. Existem lá cada vez mais “ônibus religiosos ou kosher”, onde reina uma severa separação por sexo. Caso uma mulher transgrida esta regra, ela é atacada verbal e fisicamente.
Transporte de superfície separado por sexo
Ontem, uma empresa que constrói a linha de um VLT através de Jerusalém anunciou que ela quer separar os carros segundo o sexo dos passageiros, para acatar a exigência da população de judeus ultra-ortodoxos. O veículo leve sobre trilhos, que entrará em funcionamento na próxima primavera, será dividido com departamentos para mulheres e homens, declarou Yair Naveh, chefe do CityPass.
“O transporte atenderá a todos”, disse ele, “mas não será problema algum caracterizar cada três ou quatro carros como mehadrin (kosher)”.
Sob a pressão de uma crescente população ultra-ortodoxa com bastante influência, algumas linhas de ônibus já introduziram em Jerusalém a separação por sexo, onde as mulheres devem se sentar na parte de trás. Isso levou a uma nova controvérsia com as autoridades municipais de transporte, pois a concessionária já provocou nova polêmica com uma pesquisa. Ela perguntou aos moradores de Jerusalém, se eles se sentem importunados quanto à existência de paradas de ônibus nas partes árabes da cidade, quando a linha ligar os assentamentos em Jerusalém Oriental.
Eu não sei agora o resultado desta pesquisa, mas somente a formulação de tal questão já é um escândalo. Imaginem se fôssemos perguntar em Berlim, se o VLT deveria parar nas estações de Kreuzberg ou Wedding ou simplesmente deveriam passar direto por estes bairros de maioria turca.
Outra pergunta que foi feita: “Todos os passageiros, judeus ou árabes, podem entrar livremente no transporte, sem controle de segurança. Isto está e mordem para você?”
Ofra Bem-Artzi, cunhada de Sara Netanhahu, mulher do Primeiro-Ministro, foi uma das entrevistadas. Ela respondeu ao pesquisador: “Imagine esta pergunta sendo feita em Nova York ou Londres. Isso mostra o grau de racismo que nós temos por aqui.”, ela declarou ao jornal israelenses Haaretz. A administração municipal culpou CityPass por racismo e ela estaria incitando o conflito na cidade.
Mas a questão é que tal exigência em se separar os passageiros por sexo, ou até pela raça, e os administradores sucumbem ante às exigências. Claro que existe resistência contra essa discriminação, mas os religiosos conquistam cada vez mais o controle.
Há dez anos isso não existia, mas agora existem 90 linhas de ônibus que separam seus passageiros por sexo. Os judeus ortodoxos dizem que se sentem desconfortáveis na presença de mulheres e só podem ter próximos a si sua esposa, filhas e parentes próximos do sexo feminino. Sentar-se junto a uma mulher estranha e até encontrar nela é algo totalmente inaceitável.
E como sempre, os muçulmanos são atacados e ofendidos pelos tratamentos que dispensam às mulheres. Desta outra religião, praticamente nada se ouve.
Caso vocês viajem a Israel como turista, então leve em conta que sua esposa ou namorada não possa sentar-se junto a você no ônibus, mas sim separada e alocada na parte de trás.
Não era assim na África do Sul com o Apartheid e separação racial? E não havia no sul dos EUA o “Montgomery bus Boycott” contra a política de segregação racial nos transportes públicos nos anos de 1955 até 1956, o qual movimentos de direitos humanos ajudaram a acabar e tornou conhecido a figura de Martin Luther King?
E qual foi o motivo posterior para a guerra no Afeganistão, que embarcaram todas as feministas e verdes e principalmente as “boas pessoas”? Claro, acabar com a discriminação das mulheres. Exato.
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